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Terminal da Lapa
e a proposta
de um Bonde Moderno

Michel do Vale

A apropriação de Lelé sobre o programa preexistente do Transcol (Plano de Melhorias do Transporte Coletivo) e as modificações e ajustes que propôs foram inteiramente vinculadas a uma intenção estratégica de revalorização da região central pelo argumento da cultura e pela afirmação do caráter popular daquele espaço. Tal operação simbólica – no campo do significado cultural daquela região – e concreta – no campo dos usos e hábitos populares – foi resolvida conceitualmente por Lelé através da reestruturação da circulação e reorganização dos transportes públicos internamente ao Centro e na sua conexão com os demais bairros.

Lelé se apropria das diretrizes técnicas de descongestionamento do tráfego no Centro e da racionalização da circulação no circuito Campo Grande-Sé através da proposição de um sistema original de Bonde Moderno que, junto a uma série de ações de ordenamento da circulação interna, reorganização do comércio informal e fomento de atividades de lazer e cultura populares, comporiam melhorias ambientais necessárias à retomada dos espaços livres pela população e potencialização da sua fruição atrelada aos usos cotidianos.

Tal proposição, para ser viabilizada, necessitava conjugar qualificação ambiental e fluidez de circulação interna ao acesso da população dos diferentes bairros, através dos principais corredores de transporte, à região central. Nesse arcabouço, a peça-chave da requalificação da área central e da reorganização dos transportes: a Estação de Transbordo da Lapa (ETL) [1]​

No projeto de Lelé, entretanto, além de ser uma estação de transbordo como previsto inicialmente, ela adquire o perfil de estação de integração intermodal, ao prever a utilização do sistema de ônibus integrado aos bondes: daí sua configuração em dois pavimentos:

“Aliás, quando eu tinha feito o projeto da Lapa na gestão anterior do Mário, esse projeto já tinha a concepção de entrar com um sistema leve sobre trilhos no pavimento inferior. Então nós tínhamos o pavimento inferior para o sistema leve, fazendo integração com os ônibus convencionais no piso intermediário e o piso de cima para pedestres. Essa era a intenção da Lapa, que infelizmente não obedeceu ao projeto desde a saída." [2]

Lelé ajusta a implantação da estação; revê o posicionamento dos ônibus nos pontos de parada, visando a facilitação nas manobras chegada/saída; cria uma estrutura de apoio no edifício sustentado por tirantes e que integra os dois pavimentos; e ainda propõe uma conexão de qualidade e conforto para os usuários ao eixo da Avenida Joana Angélica através da implantação de escadas rolantes, inéditas em terminais urbanos nessa época na Bahia, porém necessárias em função da grande demanda.

 O Terminal toma forma, portanto, através da sobreposição de dois planos destinados a plataformas de embarque e desembarque, interligados em sua cabeceira noroeste – engastada no anfiteatro natural do Vale do Tororó, nos fundos do Convento da Lapa – através de uma edificação estaiada, com pilares centrais e lajes em balanço, que evitam interferir nas vias de retorno dos veículos. Tal edifício, apesar da robustez de sua estrutura central, apresenta-se na paisagem de forma diluída, tanto em função de sua horizontalidade – transversal ao sentido do anfiteatro natural – quanto em função da leveza, resultantes de sua abertura para a paisagem, através de um continuum de varandas delimitadas pelas linhas das lajes e dos guarda-corpos que, em escala e conjunto, aparentam esbeltez.

1. Autor do projeto da Estação de Transbordo da Lapa (ETL): João Filgueiras Lima; arquiteto coordenador: José Eduardo Mendonça; arquitetos colaboradores: Dimitri Tavares Vila Nova, Paulo  Fukunaga, José Fernando Minho, Agustin Garcia; Engenharia de Tráfego: José Raimundo Rego, Ângela Schallenbach, Oscar Pires de Aragão Melo Neto, Maria de Salete Almeida e Silva; Estrutura: Projectum Eng. Ltda.; Projeto geométrico, pavimentação e drenagem: João Coelho da Costa, João E. M. Botelho, Paulo Oliva; Instalações e iluminação: Kouzo Nishiguti, Eliana Sallenave; Projetos Especiais: Mariano Casañas; Comunicação visual: Antonio Carlos B. Sales; Paisagismo: Beatriz Marchioni Secco; Construção: Construtora Soares Leone.

2. LIMA, João Filgueiras. Entrevista a Michel Vale, Salvador, 15 de outubro de 2013.

Prefeitura
Palácio Thomé de Souza

Michel do Vale

Em 16 de maio de 1986, menos de 5 meses após tomar posse em sua segunda gestão como prefeito da cidade, Mário Kertész inaugura a nova sede da Prefeitura: o Palácio Tomé de Souza. O projeto criado por Lelé era já um marco da gestão: além dos impressionantes 14 dias que levaram a sua montagem, significava o retorno físico da administração ao Centro Histórico, afirmando na prática o discurso de reaproximação do Centro, para o reencontro da cidade (por meio do seu núcleo administrativo) com sua identidade original e a afirmação de Salvador como capital cultural do Brasil.

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Prefeitura – Palácio Thomé de Souza

Michel do Vale

Escolas
da FAEC

Michel do Vale

As escolas produzidas pela FAEC na segunda gestão do prefeito Mário Kertész eram desdobramentos diretos das experiências de Lelé em Abadiânia (GO), com Frei Mateus Rocha, e Rio de Janeiro, com Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

O modelo baseava-se na utilização de calhas de drenagem no perímetro da construção; pequenos blocos para fundação; pilares com condução interna de águas pluviais; placas cimentícias de piso; elementos de vedação externa e divisórias internas em formato de “C”, perfazendo paredes duplas que melhoravam o conforto térmico interno; telhas, capas e sheds [1] para cobertura, servindo para iluminação e ventilação; e reservatório de água.  Além desse conjunto de elementos em argamassa armada, foram especificados elementos de marcenaria com painéis artísticos de Athos Bulcão, portas pivotantes que perfaziam o fechamento lateral das salas para as varandas-beirais ao e que constituíam as fachadas das escolas.

Em Salvador, essas construções ganham um segundo pavimento – por conta da necessidade de melhor aproveitamento das restritas áreas disponíveis em favelas e bairros periféricos ou para implantação mais adequada em lotes de formato e/ou topografia irregulares, desde que seguissem a modulação das peças estruturais.

Neste novo projeto, são contabilizadas cento e oitenta peças projetadas e produzidas pela FAEC, e se caracteriza um sistema semiaberto, compatível com peças de serralheria, entre outros componentes não-exclusivos do sistema de edificação das escolas. 

Foram produzidas, através do Programa Escola para Todos/Todos para Escola, um total de doze escolas (Abaeté, Pau Miúdo, Vale da Federação, San Martin, Plataforma, Marotinho, Cidade Nova, Palestina, Sussuarana, Pituaçu, Paripe e Coutos), além das encomendas do Governo do Estado de duas escolas (Boca do Rio e Beiru). 

Lelé justifica a adoção do padrão pré-fabricado, pelo que ele denomina de arquitetura transitória, pelo critério econômico e em função da escassez de recursos e da enorme demanda existente

Para Educação, a gente pensa o seguinte: tem muito pouco dinheiro para a Educação, tem muito pouco dinheiro para a Saúde, se a gente fizer uma obra cara, evidentemente, menos pessoas vão ser atendidas – e há uma demanda gigantesca! Então, a gente tem que procurar, no projeto, fazer uma coisa que tenha certa qualidade, mas que seja econômica, o que eu chamo de arquitetura transitória. E eu acho que o nosso país, rico, com nossas carências todas, ele tem que se apoiar na arquitetura transitória, mais barata e bem mais econômica do que uma arquitetura com todos os recursos que você tem de tecnologia. Então, se você faz uma escola mais barata, evidentemente sobra mais dinheiro para comprar computadores e outras coisas. Então, eu acho que a preocupação com a economia tem que ser grande nas escolas, nesses programas sociais. [2]

1. Dispositivo na cobertura, configurado como uma abertura na vertical, cuja função é permitir iluminação e ventilação ao ambiente interno.

2. Cf. LIMA, João Filgueiras. “Entrevista à Mariana Fortes Goulart”, in: GOULART, Mariana Fortes. Conforto Térmico no Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá: Proposta para Melhoria do Desempenho Térmico de um Antigo CIAC. São Carlos: IAU USP, 2014 (dissertação de mestrado), p. 68.

Creches Mais
FAEC

Michel do Vale

A experiência com as creches na mesma gestão evidencia o desenvolvimento da tipologia escolar e era ainda consequência da vontade do ente solicitante, que desejava uma imagem para a edificação que a distinguisse em meio aos conjuntos de moradias precárias, de tal forma que criasse uma marca da ação do Estado no setor. A encomenda das creches era parte do Programa MAIS – Movimento de Ação Integrada Social da Bahia, em um total de 27 edifícios, destinados a acolher cerca de quatro mil crianças carentes. Tal iniciativa partiu do governo do Estado, na figura da primeira-dama, Yolanda Pires, que controlava a máquina assistencial e justificava a construção das novas creches, simples, sem sofisticação, porém com um modelo “bonito e humanizado”, que deveria ser facilmente identificável na paisagem.

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Creches Mais

Michel do Vale

Creches Mais

Passarelas

José Fernando Minho

De 1986 a 1987 Lelé, projetou 13 passarelas para o programa do Transporte de Massa de Salvador a serem construídas pela FAEC - Fábrica de Equipamentos Comunitários de Salvador. Destas, foram concluídas 12: Imbuí, Avenida Vasco da Gama 1 e 2, Avenida Bonocô 1, 2, 3 e 4, Avenida Centenário, Avenida Antônio Carlos Magalhães (Colégio Teresa de Lisieux), Iguatemi, Saramandaia, Barris 1 (não concluída) e Barris 2.

Assim, Lelé descreveria o projeto:

Em 1998, através do CTRS - Centro de Tecnologia da Rede Sarah, Lelé projetou e construiu a passarela de Pernambués sobre a Av. Luiz Vianna Filho, que permitia o acesso ao Hospital SARAH através de uma portaria a ela incorporada que atualmente já não existe. Esta passarela apresentava melhorias em relação às primeiras no que diz respeito sobretudo aos vãos entre apoios que poderiam ser de até 50m.

As passarelas de Lelé ainda fazem parte da paisagem da cidade. Mas passaram a conviver com outras que mesmo inspiradas nas suas, ficam a dever em leveza, graça e beleza.

O projeto para passarelas padronizadas nas avenidas de vale de Salvador se baseia na ampliação de um sistema estrutural simples de treliças metálicas em aço especial resistente à oxidação, vencendo vãos de até 35m e apoiadas em torres circulares, nas quais se articulam eventuais derivações ou os acessos (rampas, escadas ou escadas rolantes). Essas rótulas que possibilitam mudanças de direção ou de nível nos percursos das passarelas são essenciais para compatibilizar, de forma harmoniosa, sua implantação com o relevo caprichoso da cidade.

Os pisos são constituídos de placas de argamassa armada pré-moldadas e rejuntadas no local, formando um conjunto rígido que contribui para o contraventamento da estrutura.

Foram previstas coberturas abobadadas em policarbonato transparente ou em argamassa armada. Julgamos que se trata de um complemento de muita importância, não apenas pelo conforto que proporciona em função das características do clima da cidade, mas sobretudo como um atrativo que induza a população a utilizar esses equipamentos. [1]

1.  João Filgueiras Lima, Lelé/ [organizador/ Editor Giancarlo Latorraca; versão para o inglês/translation into English Cecil Stuart Birkinshaw, Katica Szabó]. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.M. Bardi; Lisboa: Editorial Blau, 1999.

O CTRS

José Fernando Minho

A criação do CTRS – Centro de Tecnologia da Rede SARAH, é uma consequência do sucesso alcançado na construção do Hospital SARAH de Salvador. O hospital foi inaugurado em 18 de março de 1994 ao custo de 35 milhões de dólares, já equipado, sendo que o custo inicial fora estimado em 50 milhões de dólares. Este resultado animou a administração da Associação das Pioneiras Sociais - APS, a implementar o programa de ampliação da Rede SARAH de Hospitais do Aparelho Locomotor a partir de um organismo responsável pelo projeto, fabricação, montagem e manutenção das unidades, tomando como exemplo a experiência de Salvador. 

O CTRS vai ocupar um terreno contíguo ao hospital de Salvador, com aproximadamente 131.000 m², pertencente ao INSS, localizado à Av. Tancredo Neves, defronte da antiga FAEC que passara a se denominar DESAL – Companhia de Desenvolvimento de Salvador.

A configuração final do CTRS apresentava cinco oficinas, setores administrativos e escritório técnico dispostos em 16.000 m² de construção. As oficinas (Metalurgia Pesada, Metalurgia Leve, Pré-Fabricados de argamassa armada, Marcenaria e Plásticos) ocupavam edificações de planta retangular, de pé-direito duplo, permitindo a criação de mezaninos onde se localizavam as estruturas administrativas e técnicas com vista para as áreas de trabalho. Uma grande circulação em dois níveis fazia a integração entre as oficinas permitindo o tráfego, inclusive de veículos, no nível inferior. O sistema construtivo era o mesmo adotado para os hospitais: um sistema pré-fabricado misto de elementos metálicos e componentes de argamassa armada. Além das oficinas que foram construídas, o projeto do CTRS previa uma expansão que contemplava a implantação de um restaurante, uma biblioteca, um auditório e salas de aula para treinamento de profissionais e de estudantes de arquitetura e engenharia.

Após a inauguração do SARAH Salvador, Lelé, coordenador técnico do CTRS, irá planejar e iniciar as obras dos hospitais SARAH Fortaleza, SARAH Belo Horizonte, SARAH Lago Norte e as expansões dos hospitais SARAH Brasília e SARAH São Luís.

A partir de 1995 as expectativas para ampliação da rede de hospitais, foram reduzidas. Os projetos para os hospitais SARAH Natal e SARAH Recife não serão desenvolvidos. Com a perspectiva de precisar reduzir o quadro de funcionários do CTRS, Lelé buscou ampliar a atuação do Centro fora do âmbito da Rede SARAH. Ainda em 1995, a APS assinou um convênio com o Governo Federal para, através do CTRS, projetar, produzir e montar, nove edifícios, em várias capitais, para abrigar as Secretarias Estaduais do Tribunal de Contas da União além da elaboração de um projeto, que não chegou a ser construído, para a Escola Internacional de Controle Externo do Tribunal de Contas da União em Brasília. Ainda através de convênio com o Governo Federal será construída a sede do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. 

Também através de convênios, foram construídos no Maranhão: Centros Administrativos Municipais, o Posto Fiscal de Estiva e a Capela de São José do Ribamar; no Amapá: Centros Administrativos Municipais; e em Salvador a Passarela de Pernambués para a Prefeitura Municipal.

Em 1998, contrariando decisão anterior, o Tribunal de Contas da União, decidiu que a Associação das Pioneiras Sociais só poderia realizar obras e serviços para a Rede SARAH de Hospitais. A partir daí o CTRS irá reduzir o seu quadro de funcionários e se dedicará a concluir as obras já iniciadas, à manutenção dos hospitais em funcionamento e ao projeto e construção das suas quatro últimas obras: O Centro de Reabilitação da Criança, no Rio de Janeiro, o Hospital SARAH Rio, o Posto Avançado SARAH Belém, o Posto Avançado SARAH Macapá e sua Passarela.

Em 2009 Lelé deixou a Rede SARAH para se dedicar à criação do IBTH – Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat.

Em 2017 a Associação das Pioneiras Sociais desativou as oficinas do CTRS, demitiu a maioria dos funcionários, mantendo um pequeno grupo de técnicos que coordenam as ações de manutenção das unidades hospitalares realizadas por empresas terceirizadas.

Em 2018 o CTRS passou chamar-se NAT – Núcleo de Apoio Técnico.

Hospital SARAH de Salvador

José Fernando Minho

Foi o primeiro hospital construído pelo CTRS e serviu de base para os projetos seguintes da Rede SARAH. O sistema construtivo baseado na pré-fabricação mista de estrutura metálica e elementos de pré-fabricados em argamassa armada, os edifícios preferencialmente térreos e os sistemas de ventilação e iluminação naturais, vão ser aplicados nos outros hospitais considerando as especificidades dos terrenos e clima de cada local.

O Hospital SARAH de Salvador está localizado numa colina e recebe a brisa vinda do mar, que é captada por uma rede de galerias localizadas sob o nível principal do hospital, e distribuída por dutos verticais para os ambientes forçando a saída do ar quente pelos sheds que compõem a cobertura do edifício. Apenas os ambientes assépticos como laboratórios e centro cirúrgico, são servidos por sistema de climatização mecânica.

No nível principal, na cota mais alta, estão localizados os setores de ambulatório, tratamentos, diagnóstico, internação em geral, vestiários, centro cirúrgico e a escolinha, para o tratamento de crianças com paralisia cerebral, em prédio independente. Em nível secundário foram localizados os serviços gerais de apoio técnico e logístico. No subsolo encontra-se o almoxarifado com acesso às galerias que também acomodam as instalações prediais e facilita os serviços de manutenção.

Os setores de internação ventilados naturalmente, permitem a integração com avarandados onde os pacientes podem desfrutar da paisagem dos jardins e do banho de sol acomodados em camas-macas produzidas pelo CTRS que permitem o acesso dos mesmos a outros setores do hospital como o auditório.

Obras de arte do artista plástico Athos Bulcão são encontradas em divisórias, muros e em ambientes do hospital como no setor da hidroterapia.

Secretaria do TCU
Tribunal de Contas
da União na Bahia

José Fernando Minho

O prédio da Secretaria do Tribunal de Contas da União na Bahia, localizado à Av. Tancredo Neves em Salvador, foi o primeiro de uma série de oito edifícios contratados pelo TCU ao CTRS, através de convênio com o Governo Federal. Todas as obras foram executadas segundo o sistema construtivo adotado para os hospitais da Rede SARAH, ou seja: estrutura pré-fabricada em aço e elementos pré-fabricados em argamassa armada.

Para atender ao programa de necessidades foram projetados dois edifícios:

Um prédio longilíneo em dois pavimentos composto por duas treliças metálicas paralelas, com altura de um pé-direito, comprimento de 45m e distância entre elas de 12,50m, apoiadas em quatro pilares. Piso do pavimento superior composto por pré-lajes em argamassa armada com execução de concreto de 2ª fase para posterior assentamento de piso de acabamento. Assim como nos hospitais, a cobertura é composta por sheds em treliças e telhas metálicas.

O pavimento térreo abriga o estacionamento e a portaria com hall em pé-direito duplo e jardim de ambientação onde estão instalados um elevador hidráulico, fabricado pelo CTRS, e uma escada metálica para acesso ao pavimento superior.

O segundo prédio, um auditório para 60 lugares, tem partido circular e é composto por pré-fabricados de argamassa armada para a cobertura e paredes. O perímetro é envolvido por jardim aquático que favorece a redução da temperatura do ar que entra através de aberturas nas paredes ao nível da lâmina d’água. O ar quente é extraído por exaustor instalado no topo da cobertura.

Ações para preservação do acervo de Lelé:
Contribuição ao Módulo Iansã

Rosana Muñoz

Para conservar o vasto acervo arquitetônico de Lelé, algumas ações de preservação têm sido desenvolvidas por docentes da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, empenhados em resgatar e perpetuar a memória, os projetos, a técnica e as obras de um dos maiores arquitetos do século XX do Brasil. Entre elas, destacam-se as iniciativas de desenhar, por meio de softwares específicos, as fôrmas utilizadas na fabricação de elementos estruturais em argamassa armada, interpretando os componentes e seu funcionamento, aprofundando os aspectos de sua fabricação; e as ações de preservação dos edifícios, principalmente daqueles existentes na Universidade Federal da Bahia. Dentre eles, destaca-se o Módulo Iansã, localizado na Faculdade de Arquitetura da UFBA, projetado e construído por Lelé, em 1988, em argamassa armada, tomando como base os projetos das Escolas Transitórias Rurais de Abadiânia, das do Rio de Janeiro e das escolas produzidas em Salvador pela FAEC. Essa edificação, projetada para abrigar a pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, encontra-se com sérios problemas de degradação e em desuso. As atividades realizadas até então compreendem a execução de levantamento planialtimétrico, de ensaios laboratoriais e in loco, de análises visuais dos materiais e sistema construtivo, além da elaboração de mapas de danos, produtos que compõem o diagnóstico do edifício, de suma importância para embasar o projeto de intervenção que está prestes a acontecer. Visa-se, assim, revitalizar esse importante marco da arquitetura escolar e preservar o patrimônio edificado, de grande relevância para a Arquitetura Brasileira.

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Contribuição

ao Módulo Iansã

Rosana Muñoz

A Obra de Lelé
e o ensino de construção na FAUFBA

Edson Fernandes

Pensar o ensino de Arquitetura a partir da materialidade do Projeto - tendo em vista que Arquitetura é obra construída e que o Projeto de Arquitetura é central na formação do arquiteto - significa entender que, somente por questões operacionais, as disciplinas de Tecnologia da Construção e Projeto de Arquitetura ocorrem em espaços e tempos distintos. Se o aluno, quando nas atividades de Projeto, é instado a integrar todos os aspectos disciplinares da Arquitetura no desenho de suas propostas e soluções, quando este está desenvolvendo as atividades das disciplinas de Materiais de Construção, Técnicas Construtivas e Sistemas Estruturais, por exemplo, não deve fazê-lo de modo desarticulado da Arquitetura e de seu projeto. Mesmo no tempo em que o aluno está obtendo informação sistematizada – cada vez mais acessível fora da sala de aula – esta deve ter como pano de fundo o edifício - a Arquitetura. Para garantir uma aprendizagem adequada do emprego dos materiais e das técnicas de construção é necessário que tenhamos bons exemplos para serem estudados. Nesse sentido, os projetos e a Arquitetura de Lelé são uma oportunidade de aperfeiçoar a aprendizagem nestas disciplinas através de seu estudo aprofundado, interpretando e fazendo modelos para um maior entendimento do desenho que se traduz em construção. A obra de Lelé - em que a Construção é fundamental no Projeto - representa um trabalho de pesquisa constante sobre o projetado e são um importante objeto para o aprendizado da Arquitetura enquanto Construção.

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A Obra de Lelé

e o ensino de construção

na FAUFBA

Edson Fernandes

Sobre
a grandeza
e a obra
de um certo
João

Ceila Cardoso

A obra e a importância da contribuição de João da Gama Filgueiras Lima para a história da arquitetura ainda estão por ser devidamente reconhecidas.

Conhecidos o seu empenho e compromisso com as realizações na construção e relacionadas às questões humanas e sociais, assim como da sua generosidade e engenhosidade, buscamos contribuir para a contínua descoberta das possibilidades que abarca o seu legado.

Tendo tido a oportunidade de cotidianamente conviver e contribuir no Centro de Tecnologia da Rede SARAH, na década de 1990, e também posteriormente, como parte da equipe de profissionais de diversas áreas do conhecimento sob sua liderança, do contato com os diversos setores da produção, desde a concepção, desenvolvimento, detalhamento, pré-moldagem, usinagem, pintura, expedição, transporte, preparação e montagem, temos também a tarefa de contar e dar continuidade essa história.

A potência e a grandeza da profissão na sua obra está na realidade que ele buscava sempre melhorar, de onde nasce a sua arquitetura. E o seu trabalho segue aliando a consciência e a vontade de fazer sempre melhor ao saber, ao desenho, aos espaços, à construção e à cidade. 

Com o espírito de compartilhar e dar continuidade à grandeza deste aprendizado, motivados pela premência da demolição de edifícios escolares do período FAEC em Salvador, e como professores da FAUFBA, temos trabalhado para o maior conhecimento e reconhecimento da sua obra, por parte dos estudantes, colegas, comunidades e interessados no Brasil e exterior.

Depois de anos de atividades intensas de ensino, pesquisa e extensão, recentemente criamos o grupo de pesquisa FABER: Arquitetura, Construção, Tecnologia e Patrimônio, inspirado na sua obra e em plena atividade desde 2021 na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Através das atividades desenvolvidas em parcerias nacionais e internacionais, buscamos discutir e estender o conhecimento e o entendimento do seu legado.

Apresentações, eventos e publicações são de relevância para dar visibilidade e situar a sua produção no contexto do patrimônio moderno e contemporâneo em arquitetura, e aqui selecionamos algumas com as quais pudemos contribuir recentemente:

ACCS ARQB13 e VAZIOS CONSTRUÍDOS 2017

https://www.youtube.com/watch?v=O-Wcyop--KU&t=42s 

 

REUSE OF MODERNIST BUILDING – COIMBRA 2018

About the legacy of Lelé: from the recovery of a building to the teaching of architecture by practice

https://www.academia.edu/37299371/About_the_legacy_of_Lel%C3%A9_from_the_recovery_of_a_building_to_the_teaching_of_architecture_by_practice 

 

FERRO 12 - 2018

Ferro 12 12th International Symposium on Ferrocement and Thin Cement Composite Panel about the work of João Filgueiras Lima organized by the Faculty of Architecture at the Federal University of Bahia, Brazil. CEILA CARDOSO E JOSÉ MINHO The schools of João Filgueiras Lima, Lelé: design as a social technology and reuse of derelict spaces.

https://www.academia.edu/37299462/Ferro_12_12th_International_Symposium_on_Ferrocement_and_Thin_Cement_Composite?email_work_card=title 

 

DOCOMOMO BRASIL 2019

https://www.academia.edu/83979768/PREFABRICA%C3%87%C3%83O_EM_ARQUITETURA_Experi%C3%AAncias_de_edif%C3%ADcios_como_produtos_industriais_no_Brasil_e_na_Holanda_Jo%C3%A3o_Filgueiras_Lima_Lel%C3%A9_e_Ind%C3%BAstrias_Schokbeton_Eixo_Tem%C3%A1tico_O_Modernismo_como_cultura 

 

RELATOS sobre a arquitetura de Lelé (extensão) Aula Aberta MCB + MAX RISSELADA 08/04/2021

https://www.youtube.com/watch?v=7yw4fbLZyJE 

 

RELATOS sobre a arquitetura de Lelé (extensão) Aula Aberta LINA e LELÉ em Salvador 10/06/2021

https://youtu.be/GX6WsEOBn0E 

 

DOCOMOMO JAPÃO 2020+1

The 16th International DOCOMOMO Conference Tokyo Japan 2020+1

LELÉ: SUSTAINABILITY THOUGHT INDUSTRY

https://www.academia.edu/83980813/LEL%C3%89_SUSTAINABILITY_THOUGHT_INDUSTRY 

 

DOCO 30 + LELÉ 90

https://www.even3.com.br/doco30lele90/ 

EBOOK DOCOMOMO 2022

SOBRE O LEGADO DE LELÉ: DO PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE UM EDIFÍCIO AO ENSINO DA ARQUITETURA PELA PRÁTICA

https://www.academia.edu/83982994/SOBRE_O_LEGADO_DE_LEL%C3%89_DO_PROJETO_DE_RECUPERA%C3%87%C3%83O_DE_UM_EDIF%C3%8DCIO_AO_ENSINO_DA_ARQUITETURA_PELA_PR%C3%81TICA1 

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